sexta-feira, 9 de março de 2018

A Aventura pelas terras do Contenente... :D - Trilhos de Mértola

Ora boas minhas maquinas de guerra...

   Espero que esteja tudo bem com a malta desde a ultima vez que falei com vocês...
Já lá vai algum tempo mas também andei um pouco mais desligado de tudo, fui pai novamente (obrigado obrigado 😄) e o tempo pelo menos por agora apertou um pouco, digamos que todos os dias agora são provas de trail running...ahahaha
  Pois bem, visto  estar de licença e ir visitar os meus sogros para verem a netinha porque não ver se existia alguma prova por cá. E encontrei logo uma, em Mértola (Trilhos de Mértola), terra já situada no baixo Alentejo por onde passa o Rio Guadiana e perto da fronteira com Espanha com uma população de cerca de 7000 habitantes e uma área de 1300m2...
Rio Guadiana com Mértola como pano de fundo.

  Por aqui também se respira trail, como eles dizem, "tá na moda".
Tinham uma prova Ultra de 46km por isso achei o ideal para estrear-me, a única situação em que colocava reticências seria o desnível (apenas 1300d+) pois pelas minhas contas seria uma prova demasiado rápida para o meu gosto mas que durante a prova seria uma surpresa.
Mapa da prova Ultra.

Ora bem, dia 04 de Março e lá arranco para a aventura, mesmo a prova começando as 08h tive que acordar as 05h que ainda tinha 1h30 de caminho para chegar a Mértola, mas a moral era alta e isso ajudava. Já em Mértola e efetuado check-in era tempo de absorver aqueles momentos iniciais antes da partida e concentrar-me, já há algum tempo em que não sentia-me assim tão nervoso para uma prova.
Arrancada da aventura.
Olha aquele gajo bom a arrancar à esquerda na foto :D.

Arrancada da prova, relógio em modo start e siga, logo nos primeiros metros vejo-me sozinho à frente, uaiii!!! isto não e normal, ou arranquei muito forte ou este pessoal ia na ronha...
A pensar nisto e logo sou ultrapassado por um atleta e logo de seguida por outro e aí já sinto-me mais confortável.
Estes atletas já iam com um ritmo inicial alto mas decidi que até onde desse tinha que colar-me a eles...
Cró não os deixes fugir.
E lá fomos os primeiros 2km os 3 tendo entretanto passado apenas para dois... Numa ligeira passagem por estrada e até quando íamos lado a lado (acho que íamos estudando um ao outro) ele olha para mim, estende-me a mão e diz "Paulo Morais" e eu claro retribuo o cumprimento e lá seguimos os dois... Ora ele passava ora era eu que ia a frente e aí percebi que seria até ao fim... Notei claro que neste tipo de terreno o Paulo era mais rápido que eu principalmente nas zonas de terreno rolante.
Ainda consegui andar à frente também.

   Mas atenção a prova não foi só nos os dois, durante o decorrer da mesma sofremos vários ataques e no fundo era sempre nos a fugir dos outros, nunca tinha estado numa prova com este tipo de situação de ataques e fugas e ao mesmo tempo ter que gerir distâncias e ritmos.
Neste tipo de situação e sem pedir nada o Paulo ajudou-me imenso, mais habituado a estas lides foi ele a ditar a estratégia.
  Voltando à prova, primeira dificuldade, transposição de ribeiras, três delas onde foi preciso atravessar as mesmas com água ligeiramente acima da cintura, um espetáculo... O único senão era o gelo que a água estava, possa, as minhas bolas (desculpem a malcriação) tinham o tamanho de m&m quando passavam lá... Brrrrrr
Quando demos por nós já estávamos no km 18 e a apanhar o pessoal dos 29, e aí passávamos nos 6 túneis de antigas linhas férreas que a organização tinha preparado para nós, bem engraçado.
Passagem em um dos 04 túneis existentes na prova de antigas linhas férreas.

   Ao apanhar os atletas da prova longa também começamos a apanhar outra dificuldade, o terreno, ate ai todas as zonas técnicas que apanhamos encontravam-se molhadas mas  boas para circulação mas a partir desta malta o terreno já não era só estar molhado, em muitas secções era lama autêntica, as Merrell nesse campo novamente estiveram irrepreensíveis (pena ter sido a última prova delas, berraram 😢).
  Sempre ultrapassando malta, de vez em quando deitando o olho para trás e abastecimentos não havia tempo para parar nem havia necessidade tal era o ritmo imposto... No único abastecimento que fazemos ao km 30 sensivelmente somos apanhados de surpresa pelo atleta que vinha em 3°, o gajo vinha com o trotezinho ligeiro mas lá chegou ao pé de nós...
Arranco logo de seguida e o Paulo também, naquela altura vinha um bocado estourado mas sentia-me capaz, a partir daqui fomos os 3 eu a frente, esse rapaz logo atrás e o Paulo atrás do mesmo.
Já a sofrer mas a aguentar.

Sentia que não vinha bem naquela altura mas nenhum dos dois queriam passar, "ah vem na ronha mas eu vou ser mais rato que vocês"... Pensei para mim "só ataco alguma coisa a partir do km 40, até lá só não os posso deixar fugir". Aguento mais uns 2\3km e andando de propósito, deixo o rapaz passar e o Paulo e vou para trás para recuperar e guardar-me para o fim. Mais um km passado e vejo um ataque do Paulo, nessa altura tinha a opção de ficar ou acompanhar e decidi por enquanto ficar, já tinha uma noção que o ritmo dele era muito forte e constante e então mais valia tentar lutar pelo segundo (eu sei, "ah e tal devemos sempre ir à luta até ao fim" mas às vezes é preciso também usar a cabecinha e saber situar-nos ;) )...
Entretanto e ao km 38 numa intersecção o rapaz pára e deixa passar, apercebi-me que ele tinha quebrado. Agora era fugir com o Paulo o máximo que pudéssemos dos perseguidores.
Os últimos 4/5 km foram muito sofridos, as pernas a subir, principalmente acusavam muita fadiga e cãibras, foi aguentar até ao final com muito sofrimento. O último km o Paulo ataca mas já não consigo responder.
Apenas ir até ao fim.

Sei que conseguiria um pouco melhor noutras circunstâncias mas também o objetivo seria aprender e experimentar algo fora da minha zona de conforto o qual foi conseguido.
Da prova supreendeu-me imenso, mesmo tendo apenas 1500d+ (não os 1300d+ iniciais mencionados pela organização lol) os trilhos eram muito técnicos, 75% de singletracks, muita lama e as descidas eram muito manhosas para além de uma paisagem fenomenal.
Companheiro das quase 5h.
PS - O Paulo nesta prova tornou-se Circuito de Trail do Baixo Alentejo 2018 de provas Ultra.

A organização também 5 estrelas, tudo bem delineado, informação precisa, percurso muito bem marcado, zona de duches com água quente e durante a semana premiaram imensas coisas (em que na tive sorte em ganhar nada lol) desde meias, almoços e até mesmo umas sapatilhas de trail excelente mesmo...
A única coisa que faltou foi uma refeição aos atletas mas pronto, apenas vão no segundo ano de organização e demonstraram um nível já bastante bom.
A ver se para o ano a consigo repetir...

No final e ao fim de 46km com os tais 1500d+ foram cumpridos em 4h47m rendendo um 2° lugar à geral e um 1° lugar na categoria SEN...


Como sempre, tudo isto foi/é possível graças ao apoio da minha mulher a quem devo tudo, família e amigos (que como sempre sabem quem são) e estando ou não presentes apoiam-me tanto nos bons como nos maus momentos, equipa ADRAP (#xuxasteam) e ao mister Tiago Silva.
Obrigado malta. Top!!!
Até uma próxima e vemo-nos por aí. 😉

Abaixo ficam os resultados da prova dos primeiros 30 à geral.