quinta-feira, 25 de outubro de 2018

Ultra Madeira 2018 - Mais uma para a colecçao...

Ora boas minhas máquinas de guerra. Cá estou eu novamente para vos contar mais uma aventura, a última desta loooonnnggggaaaa época desportiva mas finalmente terminada.
E terminada com a pior prova ultra do campeonato , ULTRA MADEIRA 85KM!!!na minha opinião e explico-vos o porquê…
                                          


                                         


Vá na sejam tugas e começem a linchar-me antes de dizer algo…lol
É a pior prova para mim porquê é onde eu tenho maior dificuldade e desgaste brutal pois é muito rolante o que a torna bastante rápida sem grandes zonas de gestão e isso como não é o meu forte nem lá perto faz com que as coisas dificultem um pouco mesmo já estando  melhor (muuuiiitttoooo melhor) neste campo.
Vejam lá que até era para ser uma prova que nem era para ser feita, no máximo os 30km mas ao falar com o mister e ao ver a tabela de pontuações  das provas ultras vimos quer era possível ainda chegar ao pódio do campeonato com possível (mas longínqua) vitória.
Pois bem, já que vamos lutar por algo mesmo que não gostemos que demos o nosso melhor.
Com as indicações do mister treinei o melhor possível para esta prova, pedi assistência ao Cassiano e bora lá.
O dia de prova não começou lá muito bem, para além de ter que acordar às 2h da manha (sim porque a prova começa na ponta do pargo) então não é que já a caminho da prova e lembro-me que deixei o saco do pequeno almoço em casa… :/
Não começou bem a minha luta, lá tive que fugir um pouco à tradição e desenrascar-me com o que havia, a Catarina arranjou-me uma sandes mista em pão de forma e comi uma barrita de energia para enganar o estômago.
Pior que isso tudo  houve uma dúvida que atormentou-me desde umas semanas antes e foi quase até ao início da prova...
Que sapatilhas usar…
A decisão seria entre as Hoka Speedgoat 2 e as Merrell Agility Peak Flex, sei que para muitos de vocês a escolha é logo as Hoka mas no meu caso gosto de ambas e cada uma ao seu estilo  têm as suas qualidades.
Sentado no túnel junto ao farol sai a decisão de levar as Merrell (a mais acertada), toca a sentar-me no passeio e fazer a troca para as mesmas. Agora sim o Cró estava pronto para a luta.
Encontro-me com a malta amiga, falamos um pouco e recebe-se a notícia que a prova está atrasada, possa… :/ Na tava um frio de morte mas até tava fresquinho e com aquela ligeira ansiedade de começar à mistura não ajudava.
#Xuxasteam 

Amigos e camaradas do trail e do dia a dia...



Por fim lá chega o autocarro com o resto dos atletas e pouco tempo depois lá estávamos todos na partida.
E lá arrancamos para a luta dos 85km, não achei tão rápido o arranque como no ano anterior o que já foi bom, aquela parte inicial do estradão de terra fui sempre atrás do Luís Fernandes, se ele ia aí é que o ritmo era o ideal (melhor que ele para saber como arrancar nestas provas na deve haver muitos).
Num instante estou nos primeiros e já a subir em direção à Fonte do Bispo, entretanto o Luís, Márcio e um atleta da equipa Instinct já tinham disparado por ali acima (é muito…)
Subi quase tudo com o Jesus e o Renato até ao checkpoint.
                                     
                                             Pick a boo... 😆



A partir daí sabia que tinha que manter um ritmo certinho e direitinho pois era a parte mais rolante da prova e onde sabia que não era o meu forte. Mantive a passada e sentia-me bem, logo antes da Bica da Cana sou apanhado pelo Renato, ainda tentei acompanhar mas na dava. Ao chegar ao Checkpoint o Renato pára e eu sigo ( a gestão da minha parte tava bem feita), lá vou em direção à Encumeada e quando penso que logo atrás vem o Renato afinal chegam colados a mim o Magno e o Sílvio Freitas. Novamente, abastecimento antes e sigo Encumeada acima, aqui seria outra parte da prova, era preciso chegar bem a esta secção da prova pois o desnível da mesma estava aqui e era preciso pernas. Logo depois do checkpoint apanho o Márcio, digo para irmos juntos para ajudarmos-nos mutuamente mas á medida que os metros vão avançando vi que ele naquele momento de prova não estava nas melhores condições.


                                          Aguenta Cró...

Rapidamente também sou apanhado pelo Sílvio e pelo Magno que tinham parado na Encumeada e alem dos mesmos o Bruno Dantas, e aí pensei “Cró se deixas estes gajos fugir aqui tás lixado que nunca mais os apanhas”, dito e feito, colei-me a eles e tentei acompanha-los ao máximo, conseguimos chegar ao Ruivo juntos, abastecemos, recuperamos forças e lá fomos nós. Após um bocado o Bruno pergunta se tinha papel, ele não estava bem fisiologicamente e parei por uns momentos para auxiliar (ei!!! ei!!! auxiliar a dar-lhe o papel, atenção!! lol), esses breves 30/60s foram o suficientes para perder o comboio do Sílvio e do Magno pois por mais que quisesse ir busca-los (e ainda puxei, acreditem) já nunca mais os consegui apanhar, acho que eles aperceberam-se do meu ligeiro atraso e também puxaram para fugir…

Chego ao Areeiro sozinho e cansado, mas bem…
No Areeiro mostramos dureza para a malta estrangeira que tá por ali pensar que um gajo é uma máquina... 😆😇



No Areeiro mostramos dureza para a malta estrangeira que tá por ali pensar que um gajo é uma máquina... 😆😇
Reforço a minha alimentação e sigo viagem, agora era sempre a descer até à Portela. Aí acontece-me o Boom, depois do Poiso e até lá abaixo começo a sentir o estômago um pouco pesado e já não estava a entrar nada, senti que aqui onde deveria ganhar algum tempo ou pelo menos manter começo mas é a perder… Chego ao abastecimento da Portela em esforço, aí digo ao Cassiano e ao Mister que na entrava nada… Tento comer mas na dava, aí é que percebemos que também é da nossa cabeça muitas das vezes e em mais uma prova mais uma lição aprendida e explico-vos porque.
                                      
                                               Logo antes de chegar à Portela... 😓 Já ia a morrrer... 😖


O Mister Tiago manda-me pa cabeça e diz “tens que comer, nem que seja um gel, mesmo que vomites , voltas a meter outro mas tens que ter algo no estômago”.
Nisto arranco de lá um pouco mais confiante, ah e já saio com de lá com o Flávio Vieira, que vinha logo atrás de mim. Entramos os dois naquele “lindo” estradão da portela que tanto adoro e ainda ressentir o Flávio puxa por mim para acompanha-lo mas desta vez disse mesmo que não dava, o corpo ainda não queria aceitar que tinha que rolar aquilo tudo até ao fim.
Lá vai outra vez este desgraçado sozinho estradão portela abaixo, chego ao trilho das funduras e rapidamente já me encontro na outra secção do estradão que temos que percorrer até chegar à casa da Guarda. O calor aqui já começa a apertar e o corpo a ressentir, lembro-me das palavras do mister e gel à boca, lá consigo ingerir com alguma dificuldade mas na veio nada para a rua (já viram a nossa cabecinha ;) ). Lá chego a casa da Guarda, bebo agua a montes e sigo viagem, ainda tinha algum trilho para percorrer e ainda mais estradão ( raio que parta).
Começo a apanhar malta das provas mais curtas e o entusiasmo vai aparecendo (não por os ir apanhando mas sim por voltar a ver pessoas). Chego à Ribeira de Machico e tento colocar-me o mais rápido possível no último abastecimento da prova no Pico do Facho, aí tenho a equipa a apoiar e a puxar por mim, fiz paragem de F1, dou a flask vazia ao Cassiano e recebo uma cheia de água e siga. Agora as forças que faltaram desde o Poiso praticamente até muito depois da Portela teriam que vir. Não sabia quem vinha atrás nem quanto tempo tinha longe dos da frente por isso, faca nos dentes e gás!!!! Então do Pico do Facho para a frente, jasuuu, era só inclinar corpo e siga, agua na cara e goela abaixo para suportar aquele calor e mais nada. 4 km que passaram num fumo, quando dou por mim já estou na promenade do Caniçal e tenho o Cassiano para acompanhar-me até à meta, ele pede-me um último esforço e eu tento retribuir mas… Quando faço aquela curva do fim da promenade ao pé do museu da Baleia e não vejo a meta, os “tins tins” parece que rolaram e foram ali para o mar. Pergunto ao Cassiano onde está a meta e ele só me diz vá mais um esforço e ele ao dizer-me isto ao mesmo tempo olho para o fundo e vejo a meta junto à rotunda que existe no fim da avenida. Fiquei na merda, ainda correr mais aquilo, atenção, quando um gajo vem fresquinho e tal aquilo é “peanuts” mas ao fim de 85km já todo roto, empenado por tudo o que era partes do corpo, aquele sol abrasador e ainda fazer mais aquele “bocadinho”... jasuuuu
Maaass…. Uh Uh!!! Tá feito malta!!! Finisher de mais uma Ultra!!!
                                       
                                                Fim!!! Finalmnte!!!


Procurei logo uma sombra, deito-me no chão e o resto da agua que tinha flask refresco a cara e tento recuperar forças. Foi durinha esta e saiu bem do pelo.
No resultado final um 5º lugar à Geral , 4º Sénior e 2º de Equipas.
E na semana seguinte saiu o resultado que almejava (com alguma sorte à mistura), 2º do Campeonato de Trail Regional de Ultras. 😜
Um muito, mas muito, mas mesmo mesmo muito OBRIGADO à minha mulher Tânia por deixar-me fazer estas “loucuras”, ao mister Tiago (top mister), ao Xico (grande companheiro de treinos), restante equipa ADRAP e a todos os outros (não menos importantes) que acompanham-me nestas coisas.
Em especial e um agradecimento aparte ao Cassiano e à Catarina, amigos que foram o meu braço esquerdo e direito nesta prova acompanhando-me do inicio ao fim… É bom saber que ainda existe amigos assim na nossa vida.
Abaixo ficam os resultados desta prova e venha a próxima… LOL … Que já é este sábado, se a outra chegou a dentro esta então vai ser um empeno daqueles, acho que depois desta prova vou ter que ir ao banco de ensaio - Ecotrail 80km…
                      Classificaçao Geral Masculina


Classificaçao Equipas


See ya… 😜


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